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Desafios do envelhecimento saudável e do declínio cognitivo

Publicado em 2025-07-06Por Dr. Bruno Macedo Pinto (CRM-SP 237420)

Com o processo de envelhecimento, diversos conflitos e dúvidas podem surgir, assim como ocorre em outras transições importantes da vida . O envelhecimento traz consigo novas aquisições e habilidades que precisamos desenvolver para lidar com esses desafios. Um dos aspectos que mais causa preocupação é a perda cognitiva.

Estima-se que existam atualmente mais de 50 milhões de pessoas com demência no mundo, sendo que até 75% desses casos não foram diagnosticados, segundo o World Alzheimer Report de 2021. Em países de renda média e baixa, essa taxa pode chegar a 90% de casos não diagnosticados.

Esse alto índice de subdiagnóstico se deve a diversos fatores, como:

  • Falta de acesso a profissionais e centros especializados;
  • Estigma associado à demência;
  • Métodos diagnósticos frequentemente complexos ou caros;
  • Baixa percepção dos sintomas iniciais por parte de familiares e pacientes — já que muitos acreditam ser natural o esquecimento com a idade.

É possível combater o declínio cognitivo?

Esses dados podem causar preocupação e aflição. No entanto, sabemos hoje que cerca de 40% dos casos de demência estão relacionados a fatores de risco modificáveis — ou seja, é possível prevenir o declínio cognitivo em até 4 a cada 10 pessoas.

O relatório da Lancet Commission de 2020 identificou 12 fatores de risco modificáveis, entre eles:

  1. Dificuldade para ouvir (um dos destaques do estudo)
  2. Pressão alta
  3. Tabagismo
  4. Obesidade
  5. Depressão (contribuindo para até 40% dos casos)
  6. Falta de atividade física

Entre outros, como diabetes; isolamento social; consumo excessivo de álcool; trauma na cabeça; poluição do ar; baixa escolaridade.

Ou seja, tratar adequadamente doenças como hipertensão, diabetes, depressão e obesidade pode mudar o curso do declínio cognitivo. Da mesma forma, prevenir quedas, reduzir o consumo de álcool, parar de fumar, praticar atividade física regular e manter relações sociais saudáveis com familiares e amigos são estratégias fundamentais.

Como evitar o declínio cognitivo?

Algumas ações práticas podem ajudar — e já discutimos com mais detalhes quatro delas:

  • Organização eficaz dos medicamentos, com uso de agendas manuais ou calendários digitais; (veja exemplos)
  • Aferição e controle da glicemia e da pressão arterial, com medições corretas e bem registradas; (veja como aferir sua pressão)
  • Uso adequado de dispositivos e próteses auditivas, fundamentais para manter a conexão com o ambiente e reduzir o esforço cognitivo;
  • Promoção da atividade física e alimentação equilibrada, essenciais para o funcionamento do corpo e da mente.

Além dessas medidas, também é importante adotar estratégias para prevenir quedas, cuidar da saúde mental com atenção à depressão e ansiedade, reduzir o consumo de álcool e cigarro, manter o cérebro estimulado com aprendizado contínuo e, principalmente, fortalecer os laços sociais, promovendo uma rede de apoio que favoreça o envelhecimento ativo e saudável.

Há tratamento para o declínio cognitivo?

Embora 40% dos fatores associados à demência sejam evitáveis, uma parte importante dos casos ainda decorre de fatores não identificáveis ou não modificáveis, como a predisposição genética. Por isso, além de prevenir, é essencial saber como lidar com a doença quando ela já está presente.

O passo mais importante é reconhecer precocemente os sinais. Sintomas como perda de memória, desorientação, dificuldades de linguagem e alterações no sono podem ser indicativos, mas o diagnóstico só pode ser confirmado por avaliações médicas periódicas.

O tratamento envolve tanto estratégias medicamentosas, quanto não medicamentosas, como: estimulação cognitiva; terapia ocupacional e reabilitação.

Tudo isso com o objetivo de manter a funcionalidade e a qualidade de vida, promovendo um envelhecimento saudável.

Referência

1. LIVINGSTON, G. et al. Dementia prevention, intervention, and care: 2020 report of the Lancet Commission. Lancet, v. 396, n. 10248, p. 413–446, 2020.